quarta-feira, maio 31, 2006 

A alma portuguesa (ou a falta dela)

Supostamente o objectivo deste blog é, primeiro, dar uma notícia seguido da nossa opinião pessoal. Contudo, hoje vou subverter um pouco as regras e irei escrever um “artigo de opinião”. Irei dar a minha opinião sobre o estado de espírito do povo português, do patriotismo – em queda – do povo português. Na minha opinião, a falta de patriotismo, de sentimento de pertença e até de identificação com a pátria é um dos maiores problemas que Portugal enfrenta. Assistimos, hoje em dia, a um completo descrédito das instituições, muito por culpa dos seus intervenientes. É também notório o pessimismo e a falta de fé que o português tem em si, no seu país e no seu futuro. Ora, é de minha opinião que apesar do estado em que se encontra o nosso país não o podemos abandonar e esquecer. É necessário manter viva a alma lusitana, aventureira e até conquistadora dos nossos antepassados; um pouco espezinhada, diga-se, por Salazar. Só assim teremos a coragem e força necessárias para fazer algo pelo nosso país. Não podemos pensar que cabe apenas às elites governantes melhorar o país, temos, de uma vez por todas, de aceitar que TODOS temos de fazer sacrifícios pela pátria. Não se pode passar o horário de trabalho numa esplanada e esperar que as coisas apareçam feitas ou se resolvam. Temos de perder, definitivamente, a ideia de que o que é estrangeiro é que é bom e que os outros são-nos superiores. Isso só acontece nas nossas cabeças, pois todos temos potencial, só tem é que ser descoberto, explorado mas também apoiado, coisa que não tem acontecido muito. Em jeito de conclusão, não nos podemos sentir só portugueses e só unidos quando há um mundial ou um europeu de futebol. É necessário ter sempre uma bandeira, não na varanda ou janela, mas sim no coração, porque se não formos nós ninguém nos vai tirar da situação, de facto deprimente, em que está Portugal.

terça-feira, maio 23, 2006 

Para sempre os maiores!

Já virá um pouco fora de horas este post, mas à falta de outra oportunidade para actualizar o blog, terá de ser hoje…

Ora, Fernando Santos é o novo treinador do Benfica… eh eh eh eh … desta vez não falo de futebol…
Na passada quinta-feira, os Xutos e Pontapés brindaram milhares de alunos da Universidade do Minho, e não só, com mais uma excelente actuação para fechar a semana do “Enterro da Gata”.
Muito poderia eu dizer a propósito da festa, Associação Académica e do lucro que ela retira da semana em causa, mas prefiro ficar-me por aquele que foi, a meu ver, o aspecto mais positivo de toda a semana: o concerto dos Xutos!
Depois de uma semana morna de “Enterro” – apenas Blasted Mechanism e Quim Barreiros conseguiram chegar a todo o público – foi na última noite que, finalmente, a audiência se rendou perante uma actuação, neste caso a dos Xutos! Aliás, já no ano passado o público apenas aderiu verdadeiramente a um concerto – DA WEASEL – tendo apenas “apreciado” os outros.
Mas, voltando aos Xutos, sou o primeiro a reconhecer que não foi o melhor espectáculo possível da banda. Estavam cansados e pouco expressivos, mas o que conta é música e o público não resistiu a saltar e a gritar quando Tim, Zé Pedro, João Cabeleira, Kalú e Gui tocaram todos os clássicos do seu repertório: À minha maneira; Circo de Feras; Não sou o Único; A Minha Casinha; entre outros.
Claro que estou a ser um pouco tendencioso. Nunca procurei tapar a minha afeição pela banda e, por isso mesmo, qualquer espectáculo, por muito pouco conseguido que fosse, seria sempre bem-vindo.
Outras menções honrosas do “Enterro” vão para os Blasted Mechanism – grande “show” – e para o curso de Comunicação Social que consegui desenvolver o melhor carro do cortejo dos últimos anos e ainda a barraca mais bonita e concorrida de todo o recinto.
Nºao queria deixar passar em claro a oportunidade de pedir à Associação Académica maior consideração pelos seus sócios na próxima edição, com preços mais razoáveis e condições mais adequadas.
É que é preciso ver, ver, as coisas…

quarta-feira, maio 10, 2006 

Não é o fim do Mundo… mas pode ser o fim de um clube

Nota aos companheiros de redacção e aos respeitados leitores: Prometo que depois deste post não usarei mais este espaço como veículo para as minhas opiniões futebolísticas – pelo menos até ao início da próxima época!






O campeonato acabou neste fim-de-semana e o grande choque foi a descida do Belenenses (não vou falar mais do Benfica) que assim irá acompanhar Penafiel, Rio Ave e… Vitória de Guimarães.
Ora, era precisamente sobre o Vitória Sport Clube que eu gostaria de falar. Todos nós – principalmente os minhotos – reconhecemos a força que este clube tem na região e a moldura humana que consegue movimentar. Por isso mesmo, a sua descida de divisão assume dimensões ainda mais catastróficas para o seu futuro.
Já muito se disse acerca do facto de Vitória ter planeado esta época para atacar a UEFA e voltar a ficar nos cinco primeiros e, quem sabe, lutar pelo lugar de “grande” minhoto com o Braga.
Nada mais falso. Apesar do treinador – campeão pelo Boavista – e dos reforços de “luxo” – Saganowski, Benachour, Neca, Dário e, em Dezembro, Wesley e Antchouet – o Vitória nunca conseguiu acompanhar o ritmo dos grandes, pese embora tenha sido a única equipa nacional a entrar na fase de grupos da UEFA.
Para os mais esquecidos, lembrem-se que o Vitória perdeu os quatro primeiros jogos da época (Naval, Rio Ave, Braga e Belenenses) e ganhou apenas 8 (!!) jogos durante toda a época, tendo marcado 28 golos – 2º pior ataque – e sofrido 41 golos – teve a melhor defesa entre todos os “aflitos”.
Um campeonato é uma prova de regularidade, e quando se tem um registo tão pobre não se pode pensar em grandes vitórias.
Na época passada Manuel Machado – um treinador competente mas do qual não gosto – contra ventos e marés levou a equipa ao 5º lugar - esta época fez o mesmo com o Nacional – mas, mesmo assim, não resistiu aos desejos de grandeza do Presidente, que via em Jaime Pacheco – é preciso não esquecer que os adeptos vitorianos “exigiram” Pacheco ao seu Presidente – como o melhor treinador para levar o Guimarães ao topo do campeonato e justificar o epíteto de “4º grande”.
Saiu-lhe o tiro pela culatra. Primeiro porque Pacheco é um treinador “à antiga” sem respeito – nem interesse – pela evolução das metodologias de treino e segundo – talvez por derivação do primeiro ponto – não conseguiu criar empatia com o plantel.
Quando a solução “D. Sebastião” não resultou, e Vítor Magalhães se viu forçado a procurar novo “mister”, optou por mais um dos “novos Mourinho”: Vítor Pontes. Sem querer beliscar as capacidades de um treinador que, por exemplo, nunca perdeu contra o Benfica e que realizou um trabalho competente em Leiria – mas também o Peseiro o fez na Madeira – nunca se mostrou identificado nem com o clube, nem com a cidade nem com o plantel (que não está isento de culpas. Basta ver a relação salários à produtividade).
Agora perspectiva-se o calvário da II Liga. O Vitória irá perder as receitas da televisão, mas deverá continuar a contar com a sua legião de fãs, o que lhe possibilitará manter um valor de bilheteira mais elevado.
Todavia, é inegável o choque que o clube vai sofrer com a descida. A II liga quer dizer menores receitas e as mesmas despesas.
O plantel deverá sofrer nova remodelação, mas será que conseguirá a subida? Na próxima época apenas 2 equipas sobem e o Vitória irá contar com a oposição de Belenenses e Rio Ave, numa primeira linha, e com Penafiel, Leixões, Olhanense e Varzim numa segunda, ou seja, a subida não vai ser assim tão fácil.
Mas, depois há um outro problema. Se atentarmos à história do nosso futebol, nenhum dos históricos – uma vez despromovido – conseguiu voltar no imediato ao seu antigo nível. Por exemplo, o Belenenses, que já foi campeão nacional, depois da sua primeira descida em 82 não mais chegou aos seus patamares anteriores, o mesmo se passando com Setúbal, Leixões, Académica, Barreirense, etc. As únicas excepções serão o Boavista – que não desce há 38 anos – e o Braga – 32 anos seguidos na 1ª - mas a emancipação destes deu-se muitos anos depois e acompanhados por uma revolução ao nível directivo.
Prevejo que os próximos anos serão muito difíceis para o Vitória. Os seus associados terão que ter muita força e acreditar na força do clube.
Os jogadores e treinadores terão que se aperceber da dimensão do clube que representam e jogar ao nível exigido.
Mas, a grande questão, são os dirigentes. Todos sabemos que a qualidade média dos dirigentes portugueses é baixa, e isso tem trazido consequências negativas para os clubes.
A questão que se coloca no caso vitoriano é muito simples: Serão os seus dirigentes, actuais e futuros, capazes de encontrar as causas dos problemas – económicos e desportivos – do Vitória, resolvê-los e devolver o clube, de grande dimensão regional, à primeira liga e à luta pela Europa?
Caso o consigam, então esta descida foi um passo atrás necessário para dar alguns em frente e dar alguns troféus ao clube, que não colecciona nenhum desde a Supertaça de 1988.
Se esta descida não for vista como uma forma de corrigir os erros e encontrar novas soluções para o futuro, mas sim como uma altura de arranjar culpados e vandalizar carros e propriedade do clube, então o futuro do Vitória será negro… muito negro.